Seu marido disse-lhe que se não entregasse a rainha o mataria, mas Herotildes não quis saber e deitou-se. Quando Herotildes dormiu, Crébio raptou sua filha e levou à rainha Clara que o libertou para sempre. Ele voltou infeliz e n’outro dia sua esposa foi ao castelo pegar sua filha. A rainha mandou a seus guardas deceparem a cabeça de Herotildes. Crébio saiu de casa e foi morar numa cidade distante, onde os poderes da rainha não faziam efeito.
Crébio levantou-se da cama e foi ao berço de sua filha dando pequenos passos leves. Curvou-se, apanhou a criança que dormia e cobriu-a com uma manta de lã grossa. Logo após, andou até a porta, abriu-a com cautela para que ela não rangesse e pôs-se à fora. Estremeceu assim que o vento gélido entranhou em sua carne; e apertou a filha, tentando aquecê-la. Uma vez ao lado de fora, deu passados longos e apressados; sempre olhando para trás e para os lados receando que alguém seguisse-o.
Ele caminhava rápido, porém com dificuldade. Adentrou nas posses do castelo, passou pelo imenso jardim, depois pelas hortaliças e mais tarde entrou num caminho de pedra. Sua monstrinha dormia angelicamente apesar da sua feiura. Ele por sua vez choramingava de infortúnio; não queria entregá-la à rainha. Era ela a única filha que tinha. Esperou por tanto tempo e agora seu sonho acaba por um capricho da rainha. Mas se ele não desse sua filha, ele morria. Crébio continuou a caminhada e entre a escuridão já dava para ver as mais altas torres de pedra do castelo.
O fim do caminho de pedra dava a entrada do castelo, e prontificados ao portão havia dois guardas vestidos de armaduras de ferro e segurando numa das mãos uma lança. Crébio avistou-os e estremeceu — não sabia se por medo dos guardas ou de frio. Provavelmente os dois.
— Vai ficar tudo bem. — disse ele à monstrinha dorminhoca.
Continuou a andar.
— Ora, ora, ora, ora. Se não é o roubador de rabanetes. — disse o mesmo guarda que o vira primeiro no dia do roubo dos rabanetes. — O que o traz aqui? — perguntou com interesse.
— Entregar minha linda filha à rainha. Onde ela está? — respondeu o infeliz.
— Hmm. Cumprindo a condição como o mandado. Muito bem. — disse o guarda. — Állan, vá chamar a rainha. — ordenou.
— Por que tem que ser eu? Vá você! — Állan rebateu.
— Anda, anda, anda. Ou quer que eu conte à rainha que não quer prestar-lhe serviço? — ameaçou o guarda.
— O.K, O.K.
— Não demore. — Idiota. pensou o guarda. Ele aproximou-se de Crébio e curvou-se para ver o nenê. — Linda? She’s a hideous! Ela é horrorosa. A monster! Um monstro. Sério, agradeça à rainha por ter livrado-te deste peso. As pessoas apontariam e ririam dela, coitada. — disse hilariamente.
— Não diga isso. Ela é importante pra mim... e para Herotildes.
— É, mas não tem volta. Ela é da rainha agora.
— Eu sei.
Levou pouco mais de meia hora para que Állan voltasse.
— Quanta demora! — disse o guarda.
— Eu me perdi três vezes. — explicou.
— Bem a sua cara. — implicou o guarda (sem nome). — O que a rainha disse?
— Que é para você entregar a menina pra mim e que você está livre.
Crébio entregou a filha com dificuldade. E disse-lhe que tudo ia dar certo.
— Agora podes voltar a sua casa.
Crébio voltou. Repassou pelo caminho, pelo jardim e hortaliças e saiu das posses da rainha. Abriu a porta com cuidado, retirou as botinas e deitou-se vagarosamente. Dormiu.
Ao amanhecer Herotildes levantou-se para amamentar sua nenê. Andou até o berço, curvou-se e...
— Crébio, raptaram nossa filha. — gritou ela desesprada. E correu ao marido, que fingia dormir. — Crébio, acorda. Roubaram nossa filha. Temos que fazer alguma.
Crébio levantou e fingiu não ter ouvido nenhuma palavra.
— Hã?! O que aconteceu? — fingiu estar sonolento.
— Crébio, raptaram nossa filha. Precisamos procurar por ela.
Crébio ficou sério.
— Ela não foi raptada.
— Não?! Então onde ela está? Onde você a colocou? — perguntou anciosa.
— Eu... e-eu... — Crébio não conseguia. Começara um choro de remorso.
— Responda Crébio! — ordenou sua esposa.
— A... a r-rainha...
“Seu marido disse-lhe que se não entregasse a rainha o mataria, mas Herotildes não quis saber e deitou-se.” ela lembrou.
— Não! Você não fez isso. — gritava ela.
Crébio continuou calado aos choros.
— Você é um monstro! — Herotildes gritou com Crébio, logo, ela deu-lhe um tapa na face dele.
— Herotildes... — ia dizendo ele. Tentou se aproximar dela.
— Não encoste em mim. Estou com nojo de você. Vá embora, agora! — ordenou ela aos berros. — Tentarei resgatar a minha filha. — disse tristemente e saiu da casa.
Herotildes foi ao castelo.
Crébio saiu de casa e foi para um lugar onde as forças da rainha não faziam efeito.
Herotildes passou pelo jardim, pelas hortaliças e pelo caminho de pedras. Avistou os guardas e foi logo dizendo aos berros.
— Devolvam a minha nenê!
— Quem és tu? Quem pensas que és? Plebeia! — disse o guarda (o primeiro que vira Crébio furtando).
— Sou a mãe da criança e a quero novamente. Chame a rainha. — ela ordenou.
— Calada! Állan, segure-a, retardado. — o guarda ordenou a Állan. — Zeroberto, Humberto e Doisberto, chamem a rainha e diga que há uma louca querendo a monstrinha de volta.
Os três “Berto” retiraram-se.
— You’re fuckeda! (erro proposital). — disse o guarda.
Tempo.
— MALDIÇÃÃÃÃO! — gritou a rainha em algum lugar do castelo fazendo com que todos ouvissem.
— Hahaha. Eu disse, ela está furiosa. — continuou o guarda.
Tempo.
Logo os três “Bertos” voltaram.
— Puxa, ela está furiosa. Não queria estar na sua pele. — disse o Doisberto.
Meia hora depois a rainha aparece em seu vestido e maquiagem mórbidas.
— Quem ousas atrapalhar o meu sono. — disse Clara alto, claro e pausadamente.
— Ela, Vossa Majestade.
Os guardas curvaram-se e reverenciaram a rainha.
Herotildes parecia uma fúria. Estava a ponto de avançar no pescoço da rainha.
— Curve-se! — ordenou o guarda.
— Curvar-me-ia, se não tivesse sendo segurada. — disse Herotildes.
Os guardas caíram na dela e assim que a soltaram, ela avançou no pescoço da rainha. Ambas caíram no chão.
— Dê-me a minha filha. Ou eu mato-te. — gritou Harotildes esbofeteando a rainha.
— Guardas, retirem-na de cima da mim. Imprestáveis.
Os guardas avançaram e retiraram a louca mãe de cima da bruxa-rainha, que levantou-se recomponde-se.
— Levem-na daqui e cortem-na a cabeça.
Os guardas levaram Herotildes, arrastando-a.
A rainha virou-se e entrou no castelo. Subiu as escadas e entou num quarto mal-iluminado, onde a pequena criança feia dormia angelicalmente.
— Sua mãe veio aqui, mas mandei cortarem-na a cabeça. Você é minha agora. Amarei e cuidarei como se nascesses do meu ventre. — disse a rainha docemente. — Dar-te-ei o nome de P.A.punzel.
Durante doze anos Clara amara P.A.punzel deveras. Passeara com ela pelos arredores do castelo e às vezes pelo centro da cidade. Ensinara-lhe os nomes das coisas: dos números, substantivos, adjetivos. Contara-lhe histórias antes de dormir. Cantara-lhe músicas durante suas brincadeiras. Dera-lhe amor verdadeiro por um tempo. Havia uma coisa que Clara morria de nojo: as pernas cabeludas da pseudofilha; elas deveriam ser cortadas, raspadas, aparadas quinzenalmente. E isso foi deixando a rainha desgostosa, raivosa e por fim odiosa.
Ao completar doze anos, P.A.punzel foi jogada na torre mais alta do castelo, ficando isolada de tudo e de todos.
4 comentários:
Momento Állan, adorei!
Zeroberto, Humberto e Doisberto. Os três bertinhos.
Enfim, o conto está ficando mara! Ri muito.
Estou esperando a próxima parte. Vê se não demora pra postar, Crébio. U_U
Momento Állan. -risos.
A terceira parte ainda estou escrevendo.
Putz, tá ficando grande.
Essa segunda parte deu 5 páginas A4 no word.
A terceira parte já tá na sétima página. Provavelmete a história não termine na terceira parte e sim na quarta. Daí será quase um best-seller. #fato. ASHUHAUSAUSHAS
Tio Crébio :D , Tah F-O-D-A.
Parece que não serão só 3 partes neh?!
Poste logo, curiosidade mata xD. #Facto
Pow... uhahuahuahuahuahuahuahua Estou adorando!!!
E os Três bertos tem algo haver com meu rio da ultima aula?? Rio Berto e Sullymões?? uhahuahuauhahua
Bjins, Jeny
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